
Um post de Vitor Yamada, 37, juiz do
Trabalho em Rondônia, está fazendo sucesso na internet. Yamada, que é
casado há 10 anos e pai de Giullia, 8, e Vitor, 6, divulgou as regras de
mesada para os filhos.
A tabela inclui descontos para
desobediência, notas baixas e mau comportamento. Faltar, atrasar ou
reclamar para ir à escola causa desconto de R$ 1,00 na mesada, por
exemplo. Deixar a TV ligada custa R$ 0,50. Desobedecer ao pai ou à mãe
reduz a mesada em R$ 3,00.
Com mais de 116 mil compartilhamentos até
às 15h do dia 21/10/13, a maioria dos comentários dos visitantes da
página era favorável à adoção das medidas.
Yamada diz que apenas divulga fotos no
Facebook para conhecimento da família e jamais esperou que o post
alcançasse tamanha repercussão. “Um amigo foi compartilhando com outro e
virou essa bola de neve”, diz.
O magistrado diz que a ideia da mesada
partiu de sua filha Giullia, que quis receber o dinheiro para comprar
suas próprias coisas. “Vitor foi no vácuo”, na expressão do pai. Ele
elaborou a tabela como um meio adicional de educar os filhos.
Consultado sobre a tabela, o especialista em educação infantil, Álvaro Modernell, não concorda com o sistema.
“Discordo frontalmente desse tipo de instrumento. Quem deve educar os filhos são os pais, não o dinheiro.”
Para o educador, colocar preço nas
atitudes erradas das crianças é o mesmo que admitir que basta pagar
multas indefinidamente para poder desrespeitar pessoas, normas, leis,
como se o dinheiro pudesse cobrir ou resolver tudo.
“Isso pode estimular a arrogância das
crianças mais ricas, a falta de limites para quem tem dinheiro, a
monetização das atitudes. Ainda que a intenção seja boa, e claro que
deve ser, parece-me uma atitude tipo ‘lavar as mãos’. O que educa
crianças é atenção, carinho, orientação, acompanhamento, dedicação,
amor, exemplo.”
Modernell diz que as regras da casa ou da
família, ou mesmo as da sociedade, devem ser cumpridas e respeitadas
por todos, independentemente de estímulo ou punição financeira.
“Estabelecer esse tipo de tabela é admitir e aceitar que se façam coisas
erradas que podem simplesmente ser contornadas com dinheiro.”
Para o educador, colocar as crianças lado
a lado pode estimular a rivalidade entre os irmãos, invejas e disputas,
já que o perfil das crianças é diferente. “Acho uma exposição
desnecessária. Além do mais, se os pais não aceitarem as diferenças
entre os filhos, quem aceitará?”
Yamada diz concordar com as críticas do
especialista, mas afirma que o retrato da tabela do Facebook é algo
frio, estático, e que ela não está sendo usada para substituir a
educação, mas para atuar como um complemento.
“Quando meus filhos não cumprem seus
deveres, eles têm o valor descontado na mesada, mas também são obrigados
a realizar os deveres relegados, como a lição de casa.”
O juiz diz que a ideia da planilha não é substituir o afeto e a educação pela mesada, mas preparar os filhos para a vida adulta.
“Infelizmente, por menos que a gente queira, hoje o mundo é monetizado. Se você falta ao trabalho sem justificativa, tem seu salário descontado. Se comete uma infração de trânsito, leva uma multa.”
“Infelizmente, por menos que a gente queira, hoje o mundo é monetizado. Se você falta ao trabalho sem justificativa, tem seu salário descontado. Se comete uma infração de trânsito, leva uma multa.”
Vitor Yamada acredita que a mesada está
sendo positiva para os filhos. Ele conta que outro dia a filha quis
trocar a caixa de lápis de cor por uma nova. Usou o dinheiro da mesada.
Já o filho, que quer comprar um brinquedo mais caro, resolveu poupar o
gasto para juntar e poder realizar o desejo.
Economia, UOL
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