
De acordo com o Ministério Público, o custeio dessas
estruturas – toldos, quiosques removíveis, tendas para patrocinadores,
salas para transmissão de jogos e áreas reservadas para convidados – não
deveria ter sido feito com recursos públicos.
“Nós constatamos que o interesse era único e
exclusivamente da Fifa, não houve benefício para a população. Na África
do Sul [Copa do Mundo 2010], a Fifa custeou as estruturas temporárias”,
afirmou o promotor Guilherme Lapenda ao G1. Ele é coordenador no estado
de um grupo formado por promotores do Patrimônio Público de todo o país,
que estão entrando com ações civis públicas contra a Fifa. Entre os
estados que pedem ressarcimento estão Ceará (R$ 28,6 milhões), Bahia (R$
31 milhões), Minas Gerais (R$ 46 milhões), Rio de Janeiro (R$ 33,7
milhões), além do Distrito Federal (48,7 milhões).
“O grupo é coordenado pelo Conselho Nacional do
Ministério Público, e a gente vem se reunindo e acompanhando as obras na
Arena. O dinheiro gasto gira em torno de R$ 35,7 milhões”, explicou
Lapenda. Além de Guilherme Lapenda, atuam no caso em Pernambuco os
promotores José Bispo de Melo, Márcia Cordeiro Guimarães Lima e Selma
Carneiro Barreto da Silva. Eles argumentam no texto da ação que “as
exigências impostas pela Fifa ao Poder Público para custear as
estruturas temporárias não constam do original do Contrato de Estádios, o
que denota que, à época da assinatura deste contrato, tais obrigações
não seriam de responsabilidade do Poder Público e sim da proprietária do
evento”.
Exigências
Segundo o MPPE, “tais exigências de custeio foram impostas pela Fifa em fevereiro de 2009, três meses antes de a entidade anunciar as cidades-sede escolhidas, o que ocorreu em maio de 2009, sem dispor do detalhamento ou especificação do vulto das referidas estruturas temporárias”. Os promotores de Justiça também afirmam “ser falsa a alegação da Fifa ao dizer que os Estados já sabiam o que iriam gastar com essas estruturas temporárias. A obrigação assumida pelos Estados não foi precedida de qualquer estudo em relação ao seu impacto financeiro, tanto que chegaram a solicitar ao Governo Federal que arcasse com a despesa, alegando que não dimensionaram o impacto financeiro do compromisso assumido”.
Segundo o MPPE, “tais exigências de custeio foram impostas pela Fifa em fevereiro de 2009, três meses antes de a entidade anunciar as cidades-sede escolhidas, o que ocorreu em maio de 2009, sem dispor do detalhamento ou especificação do vulto das referidas estruturas temporárias”. Os promotores de Justiça também afirmam “ser falsa a alegação da Fifa ao dizer que os Estados já sabiam o que iriam gastar com essas estruturas temporárias. A obrigação assumida pelos Estados não foi precedida de qualquer estudo em relação ao seu impacto financeiro, tanto que chegaram a solicitar ao Governo Federal que arcasse com a despesa, alegando que não dimensionaram o impacto financeiro do compromisso assumido”.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa
da Fifa informou que nem a Federação nem o Comitê Organizador da Copa
foram notificados sobre a ação. O comunicado acrescenta que “as
responsabilidades relativas às estruturas complementares constam nos
contratos assinados com os responsáveis pelos estádios da Copa do Mundo
da FIFA em 2007, bem como nos seus aditivos, assinados em 2009.”
Veja íntegra da nota divulgada pela Fifa:
“A FIFA e o Comitê Organizador Local (COL) não foram
notificados sobre a ação mencionada. No entanto, as responsabilidades
relativas às estruturas complementares constam nos contratos assinados
com os responsáveis pelos estádios da Copa do Mundo da FIFA em 2007, bem
como nos seus aditivos, assinados em 2009. Em resumo, a FIFA e o COL
são responsáveis pela montagem das áreas de hospitalidade, de exposição
comercial, de concessões de alimentação e de produtos oficiais, bem como
pela decoração e sinalização do evento, além da rede de tráfego de
dados e soluções de impressão específicas dos eventos. Outros espaços e
adaptações (ex.: centro e tribuna de imprensa, centro de voluntários e
estrutura de segurança,) são de responsabilidade dos proprietários dos
estádios. Isso significa dizer que as três estruturas mencionadas no
link enviado não foram pagas pelo proprietário do estádio, mas sim pela
FIFA ou pelos seus parceiros comerciais.
É importante ressaltar que nenhum estádio do mundo
pode receber um evento de porte mundial sem adaptações. O grande número
de jornalistas, da mídia televisiva em geral, de voluntários e
espectadores demanda a implantação de uma estrutura especial, que dê
segurança e conforto a todos eles. Por exemplo, enquanto uma partida
comum nos estádios pode receber entre 50 e 100 profissionais na tribuna
de imprensa, um jogo de Copa do Mundo pode receber até 2 mil
jornalistas. Proporção semelhante pode ser aplicada às cabines de
televisão, já que no caso da Copa do Mundo as imagens são transmitidas
para 150 países. Essas estruturas complementares reduzem o investimento
na construção de instalações a serem utilizadas apenas para o evento e
que aumentariam o custo de manutenção. (Em anexo, enviamos para
referência duas fotos: uma do Estádio Olímpico de Berlim no chamado
“modo legado” e outra no chamado “modo evento”.)
Com o objetivo de reduzir ainda mais o
custeio dessas instalações, está sendo feita uma revisão de todo o
material, conforme em fevereiro de 2013 para a Copa das Confederações da
FIFA, quando houve significativa diminuição do escopo das contratações.
Ao assinarem os contratos e assumirem
tais responsabilidades, em 2007, estamos certos de que as sedes o
fizeram pensando não apenas no legado material que ficará após o evento,
mas também e especialmente no legado de imagem e na projeção
internacional ao receber um evento com audiência de TV de até metade da
população mundial e que recebe turistas de todas as partes do mundo –
áreas cujo sucesso depende fundamentalmente das instalações
complementares.”
G1
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