
De qualquer maneira, o alarde provocado por interpretações
apocalípticas do calendário maia causaram angústia em muita gente que
não gostaria de ver encerrada tão repentinamente a vida terrestre. Por
ora, você pode ficar mais tranquilo. Mas até quando?
Apocalípticos

Nostradamus
Alguns intérpretes garantem que o francês adivinhou o surgimento de
Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler. Em uma de suas profecias, Nostradamus
fazia menção ao ano de 1999, quando surgiria o rei do terror, que o
planeta conheceria no continente asiático. Além disso, escreveu que o
“grande fogo”, ou seja, o Sol, tombaria do céu e deixaria a Terra em
trevas durante alguns dias. A Terra tremeria logo a seguir. O rebuliço
todo, naquele ano, aconteceu devido a um eclipse total do Sol no dia 11
de agosto, o último do milênio. Muito se falou, então, que os escritos
de Nostradamus previam o fim do mundo naquela data.
Nada aconteceu. Os mais assustados, contudo, mal tiveram tempo para
comemorar, pois uma nova neurose apocalíptica surgia com muito mais
força: o bug do milênio. Com a virada de 1999 para 2000, a preocupação
era com computadores que utilizavam softwares mais antigos, nos quais os
dígitos referentes ao ano nas datas passaria de 99 para 00 e a máquina
consideraria como 1900. O temor racional é que isso geraria uma grande
confusão em alguns sistemas, principalmente do setor bancário – boletos
emitidos com 100 anos de atraso, bagunça na lista de credores e
devedores, caos nos radares de aeroportos, etc. A insegurança se
disseminou e gerou um certo pânico a uma parte da população, que de
alguma maneira ligou tudo ao fim do mundo.
Maias
Nada aconteceu. Apesar dos dois temores recentes de um possível fim
da vida na Terra – e a consequente invalidação dessas teorias -, nunca
se falou tanto no assunto quanto em 2012. E novamente, por
interpretações equivocadas. A Estela 6 é um tipo de totem, provavelmente
do século 7, encontrado no antigo assentamento de Tortuguero, no
México. Nesse e em outros monumentos, há gravações do calendário maia,
no qual o último dia seria 21 de dezembro de 2012.

Novamente nada aconteceu. Mas muitas pessoas continuam preparadas, se
preparando e prestes a se preparar. Já teve até gente afirmando que, em
2013, o movimento de rotação do planeta cessará, e quem tiver o azar de
permanecer no lado escuro não terá boa sorte. O professor Hernán
Mostajo, diretor do Museu Internacional de Ufologia, História e Ciência
de Santa Maria, Rio Grande do Sul, está acostumado a ouvir relatos não
muito racionais.
“O dia 21 de dezembro é só um ciclo no calendário maia, uma divisão
de tempo de longa duração”, diz. Para ele, acreditar em catástrofes
naturais sem nenhum embasamento científico tem a ver com o desejo de
presenciar algo muito inusitado. “Sempre foi assim. As pessoas se
entregam a uma falsa realidade. É uma vontade tão fantástica de ver isso
que acabam transformando o imaginário em realidade aparente”, afirma.
O fim

Segundo ele, o fim do mundo vai acontecer em decorrência de uma
expansão do sol, antes de sua morte. “Daqui a cinco bilhões de anos,
antes que ele arrefeça, perderá força de sustentação e se expandirá.
Obviamente a Terra fará parte do sol”, revela. “O fim natural da Terra
vai acontecer, quando o sol se transformar em um gigante vermelho e seu
raio crescer”, explica o professor Wagner Marcolino, do Observatório do
Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressaltando,
assim como Adolfo, que isso só deve acontecer daqui a bilhões de anos.
Outro perigo são as quedas de asteroides. “Existem crateras que
comprovam que já caíram asteroides muito grandes”, conta Marcolino.
“Garanto que não tem como acontecer um grande choque em 50 ou 100 anos. E
os cometas são mais perigosos do que asteroides, mas são feitos de água
e gelo, então se desmancham antes de cair”, pontua Stotz Neto. Conforme
o pesquisador, Júpiter, o maior planeta, é o “escudo” do sistema solar,
pois absorve a maioria dos cometas. “Os asteroides perigosos são os de
níquel e ferro, mas apenas uma vez foi registrado que um atingiu uma
pessoa. Noventa e nove por cento cai na água”, conclui.
A probabilidade de você acompanhar a destruição da Terra, portanto, é
irrisória. Mas, até a hora final, pode ter certeza: muita gente vai se
preparar para o apocalipse. E nada vai acontecer. Então vão se preparar
para o próximo. E para o próximo.
FONTE: http://tokdehistoria.wordpress.com/