A
Intentona Comunista
Ação
Armada e o Domínio de Natal
As
raízes do movimento comunista de 1935 no Rio Grande do Norte possuíram,
sem dúvida alguma, causas locais e que podem ser apontadas como
resquícios da campanha eleitoral de 1934, quando predominou um
clima de violência.
Mário
Leopoldo Pereira da Câmara, apesar do mérito de algumas realizações
efetuadas durante sua administração, foi responsável
pela implantação de um clima favorável ao aparecimento
de movimentos armados.
O
substituto de Mário Câmara, Rafael Fernandes Gurjão,
continuou perseguindo seus adversários políticos, a exemplo
de seu antecessor. Rafael Gurjão contribuiu com o aumento do número
dos descontentes, engrossando o grupo dos revoltosos. Chegou, inclusive,
a extinguir a Guarda Civil, um órgão completamente descomprometido
com a política, só porque havia sido criada por Café
Filho, inimigo político do novo governante... Dentro desse contexto,
as divergências arrastaram para o movimento pessoas que desconheciam
a ideologia comunista, mas viam na ação armada uma maneira
de derrubar o governo...
A
Intentona Comunista foi iniciada na noite de 23 de novembro de 1935, ocasião
em que no Teatro Carlos Gomes - hoje Alberto Maranhão - estava
acontecendo uma solenidade de colação de grau do Colégio
Marista. O governador Rafael Fernandes Gurjão e o secretário
geral do Estado, Aldo Fernandes, abrigaram-se na residência de Xavier
Miranda, nas proximidades do teatro, e depois foram para o Consulado da
Itália, sob os cuidados do cônsul Guilherme Letieri. O prefeito
Gentil Ferreira, também presente à solenidade, foi para
o Consulado do Chile, sob a proteção do cônsul Carlos
Lamas.
Coube
ao maior Luís Júlio, da Polícia Militar e ao coronel
Pinto Soares, do 21º BC, a organização da resistência.
Os combates estenderam-se por várias horas, até acabar a
munição, quando as forças legais se renderam. As
comunicações telefônicas foram cortadas, resistindo
apenas a estação telegráfica de Macaíba, através
da qual os legalistas pediram socorro à capital federal.
Durante
os combates, o quartel da polícia militar resistiu, lutando contra
um inimigo "muitas vezes superior em número", relata João
Medeiros Filho. A resistência durou várias horas, terminando
quando os policiais gastaram a última bala. Os legalistas fugiram
pelo Rio Potengi.
Os
rebeldes dominaram Natal e, no dia 25 de novembro de 1935, organizaram
um Comitê popular Revolucionário, composto por Lauro Cortês,
ex-diretor da Casa de Detenção, como ministro de Abastecimento
e Quintino de Barros, 3º sargento, músico do 21º BC, como ministro
da Defesa. O comitê se instalou na Vila Cinanto, até então
residência oficial do governador.
Durante
a vigência do governo revolucionário, a população
da Cidade do Natal atravessou momento de grandes dificuldades, principalmente
para a aquisição de gêneros alimentícios, uma
vez que os rebeldes saquearam muitos armazéns e lojas que abasteciam
a cidade. Entre os estabelecimentos saqueados figuram os seguintes: M.
Martins & Cia.m Viana & Cia., M. Alves Afonso etc. O comércio
de diversas cidades do interior também não escapou. Por
onde os rebeldes passavam, implantavam o pânico.
No
tempo em que os comunistas estiveram no poder, circulou um jornal intitulado
"Liberdade", que publicou as seguintes palavras, transcritas por João
Medeiros Filho: "Enfim, pelo esforço invencível do povo,
legitimamente representado por Soldados, Marinheiros, Operários
e Camponeses, inaugura-se no Brasil a era da Liberdade, sonhada por tantos
mártires, centralizados e corporificados na figura legendária
de Luís Carlos Prestes, o "Cavaleiro da Esperança".
FONTE: http://tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_10g.htm
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