terça-feira, 7 de junho de 2011

Professor funcionário público do RN

“Ô Povo feio”
Vamos usar um pouco de nossa criatividade. Imagine uma reunião de médicos... No estacionamento carros importados, quase todos novos. Um auditório, com ar condicionado, homens bem vestidos, laptops, caneta de metal, recursos de última geração. Não estou dizendo que todo médico ganha uma maravilha, mas acho que você imaginou parte disso que eu descrevi. Imagine agora, uma reunião de advogados... Carros importados, terno e gravata, sapatos brilhantes, relógios reluzentes, jamais chegariam a uma reunião suados. Poltronas confortáveis em um ambiente refrigerado. Não estou afirmando que todo advogado ganha uma fortuna, mas parte do que você teria imaginado, eu descrevi, não é mesmo? Agora imagine uma reunião de professores... O que você imagina? Aquele amontoado de carteiras escolares, pois a reunião tem que ser numa escola. Aquele povão... De sandálias, Calça desbotada... Camisa por fora, Num calor insuportável, vai chegando a “classe pensadora e formadora de opinião”, com aqueles amontoados de papel debaixo do braço...Suados...Os ventiladores não dão conta de tanta gente num mesmo lugar...E a reunião é para que? PCN, PDE, PDDE, semana pedagógica...Canetas “bic” sem tampa na mão dos “sábios”, seus rostos estressados são percebidos de longe. Pois é... apesar de toda campanha política a famosa frase “educação será uma prioridade” esta presente nos palanques, a classe dos professores continua maltratada, abandonada, humilhada, continuamos sendo aquele povo cansado e mal vestido jogado as traças. Talvez antes de terminar de ler isso, você deve estar querendo perguntar ao autor desse texto: “E porque você não foi ser médico ou advogado?”. É verdade... Se eu pudesse voltar no tempo... Fazer o quê? Depois de ler isso, acho que você deve imaginar onde eu estou querendo chegar... A qualidade do ensino deve começar pelo salário. Os secretários da educação ou Ministros falam na mídia da importância do professor, que entendem o problema e estão fazendo o possível, que ser professor é sacerdócio, que o importante é o compromisso! Tudo muito bonito, maravilhoso, tantas homenagens. Eu fico até emocionado: choro em cima do meu contracheque! O maior problema nosso é que se você ousar falar sobre o assunto salário numa reuniões, alguns de seus próprios colegas vão lhe dizer que o importante é ser comprometido, que você reclama demais, é chato, abusado, inconveniente, só fala nisso ou mandar você procurar outra coisa... Assim, amigos professores, vamos continuar sendo um “povo feio” por muito tempo...

Robson R. S. Santos

Professor da rede pública do RN

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