SÃO PAULO - A chuva que caiu sobre a Avenida Paulista no início da tarde deste domingo, 26, não desanimou o público que participava da 15ª Parada do Orgulho LGBT na capital paulista. A expectativa da organização era de que o evento atraísse 3 milhões de pessoas. Os 16 trios elétricos começaram a tocar por volta das 11h30, mas o início oficial do evento só aconteceu às 13h30, com uma valsa coletiva. A marcha tinha término previsto para as 18h, na Praça Roosevelt, no centro, para onde a parada segue passando pela Paulista e Rua da Consolação.

À tarde, policiais militares prenderam três pessoas com drogas, na região da Avenida Paulista. De acordo com o major da PM Wagner Rodrigues, foram encontrados com os suspeitos, ao todo, 56 porções de cocaína e 160 frascos de lança-perfume. Os detidos foram encaminhados ao 4°DP, na Consolação, e ao 78°, nos Jardins.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, Gilberto Kassab, participaram do evento de abertura da parada, pela manhã. A parada, cujo lema este ano é 'Amai-vos uns aos outros - Basta de homofobia', está entre os três maiores eventos turísticos da cidade, junto com a Fórmula 1 e a Virada Cultural. Ao discursar, Kassab afirmou que o ato é a oportunidade de mostrar ao mundo que São Paulo é uma cidade que respeita a cidadania e a diversidade.

Alckmin destacou a importância econômica, turística e de cidadania que o evento tem para o Estado, injetando R$ 200 milhões na economia paulistana e movimentando três milhões de pessoas do Brasil e do exterior. 'É importante para a cidadania no sentido de estabelecer direitos, evitar a intolerância, e avançar no arcabouço jurídico. A decisão do STF (que legalizou a união homo afetivano País) não ocorreria se não houvesse conscientização sobre a importância do tema na sociedade brasileira', afirmou.

Também participaram do evento de abertura da parada, na sede da Fecomércio, a senadora e vice-presidente do Senado Marta Suplicy, o deputado Jean Willys, a cantora Preta Gil, o presidente da Associação Parada do Orgulho Gay, Ederaldo Beltrami, o líder da Associação LGBT, Toni Reis, o ator Sérgio Mamberti, que representou o Ministério da Cultura, e o representante da Frente Religiosa contra a Homofobia, Anivaldo Padilha.

Ederaldo Beltrame afirmou que a maior demanda do movimento atualmente, além da criminalização da homofobia, é a garantia dos direitos das travestis e transexuais. Segundo Beltrame, parte dos homossexuais já é reconhecida pela sociedade, mas as travestis ainda enfrentam problemas.

Já Toni Reis reafirmou o caráter político da parada. 'É uma festa da cidadania, não é só um carnaval fora de época', disse. Sobre a união de casais homossexuais, ele ressaltou: 'Nós não queremos destruir a família de ninguém, queremos construir a nossa.'

PLC 122. Durante o evento, a Marta anunciou que há um esforço no Congresso para reduzir a resistência ao projeto que criminaliza a homofobia no País. Segundo ela, a negociação em torno do texto que tramita há vários anos, conhecido como PLC 122, poderá incluir a mudança no número do projeto, mas não do conteúdo, amplamente criticado pela bancada religiosa. 'Demonizaram tanto o projeto que fica difícil aprová-lo com esse número. Como dizer que o demônio não é mais o demônio?', ressaltou.

Sem detalhar as mudanças no texto, a senadora disse que uma das alterações incluída na negociação com a bancada cristã do Congresso é no artigo 20, cuja nova redação inclui a criminalização daqueles que induzirem à violência contra homossexuais. 'Conseguimos um meio termo nessa questão', afirmou.