sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Um dia 13 de setembro em 1911 em Canguaretama RN


A Inauguração da escola Fabricio Maranhão foi um grande evento para Canguaretama e a cidade se preparou para receber as autoridades que vieram de Natal, São José de Mipibu e Goianinha.  O governado Alberto Maranhão, seus assessores e os chefes políticos da região foram recebidos por Fabrício Maranhão na Estação da Penha no meio da manhã daquele dia. De bonde todos se dirigiram até o centro da cidade para, às quatorze horas, participarem da sessão cívica de inauguração da escola. 
A inauguração da escola Fabricio Maranhão (inaugurada como Grupo Escolar Pedro Velho) foi propositadamente marcada para coincidir com o dia do aniversário de Fabrício Maranhão, 13 de setembro e, assim, após a solenidade, uma festa já estava programada para acontecer na residência do chefe político local. O evento tornou-se, então, um ato político. Com as festividades encerradas, o trem com os convidados voltou a Natal, após às vinte horas. O jornal A República dava ampla cobertura ao fato, inclusive nos dias anteriores, com matérias que tratavam dos preparativos desse evento festivo.

QUEM FOI FABRÍCIO MARANHÃO

Somente um potiguar governou um município em sete períodos. Fabrício Maranhão foi, sem dúvidas, um fenômeno na política de Canguaretama e do Rio Grande do Norte.Nasceu em Macaíba a 13 de setembro de 1852 e faleceu no Rio de Janeiro a 19 de abril de 1924. Era o mais velho dos irmãos e precedeu-os na vida política, fixando-se em Canguaretama onde possuía engenho de açúcar. Filiou-se ao Partido Liberal e no biênio de 1888-89 foi Deputado Provincial e eleito, na sessão de 1888, vice-presidente da Assembleia, índice do seu nascente prestígio.Quando seu irmão Pedro Velho fundou o Partido Republicano, a 27 de janeiro de 1889, Fabrício aderiu e foi um dos colaboradores dedicados com seu outro irmão, Augusto Severo. Nas lutas de 1891 esteve sempre ao lado de Pedro Velho e como representante do grupo que apoiava seu irmão assinou a chapa de Deputados Estaduais, em fevereiro de 1891, com José Gervásio e Joaquim Ferreira Chaves.Não figurou no Congresso Constituinte de Pedro Velho de 1892 que foi também legislatura ordinária, 1892-93-94. Veio eleito para a seguinte, 1895-96-97. Foi sucessivamente reeleito para as demais, 1898-99-1900, Constituinte de 1898, 1901-1902-1903, 1904-1905-1906, 1907-1908-1909, com a Constituinte de 1907, 1910-1911-1912, sendo o Presidente nas sessões ordinárias extraordinárias e constituintes, da ordinária de 1897 à extraordinária de 1913, dezesseis anos.O rompimento entre o Governador Ferreira Chaves e o ministro Tavares de Lyra em 1919, obrigou-o a tomar atitude ao lado desse último, assim como seu irmão Alberto Maranhão. Não mais voltou ao Congresso, mas continuou dominando no município de Canguaretama onde o partido situacionista não pode ganhar as eleições, disputadíssimas, para Intendência local, a 7 de setembro de 1919. Administrara Canguaretama de 1893 a 1913, ininterruptamente. [...] Foi o Presidente do Congresso Estadual, figura simpática, prestigiosa e sedutora pela sua inteligência, as maneiras gentis com acolhimento senhorial e afetuoso que a todos dispensava.Alto, gordo, sempre vestindo brim branco, pequeno bigode, os olhos vivos atrás dos vidros dos óculos de cristal, a cabeleira ondulada, grisalha, escapando-se sob o chapéu do Chile, a voz mansa e segura de autoridade indiscutível, a graça de sua conveniência espirituosa, a oportunidade com que sabia recordar homens e fatos de outrora, tudo no coronel Fabrício Maranhão era espontaneidade que atraía irresistivelmente.[...] Era de uma naturalidade imponente, ajudado pelo físico, o velho Fabrício Maranhão, dirigindo o Congresso, do alto de sua mesa, orientando, respondendo, decidindo com serenidade, precisão e elegância. Tinha a dignidade, a compostura, o gesto lento e estudadamente próprio para cada ocasião.Era o orientador supremo, o supervisor, conselheiro-rei de todos os municípios servidos pela “The Great Western” de São José de Mipibu à Nova Cruz. Dizia-se, outrora, a linha. Fabrício Maranhão era o dono da política da Linha. [...] Nas excursões semanais, indo e vindo de Canguaretama para Natal, forte, risonho, de brim branco, com um imenso guarda-pó de palha de seda, chapéu do Chile, atendia as consultas dos amigos aglomerados em cada estação ou parada ferroviária, despachando o expediente, através da janela do vagão, ditando a sentença tranquila como um velho Rei, simples, natural, inapelável. O ostracismo político não apagou sua popularidade pessoal. Era o mesmo coronel Fabrício, saudado onde aparecia embora sem o prestígio oficial e a presidência do Congresso Legislativo. Dizia [...] entre risonho e triste: “Ninguém deixa a Política! É deixado por ela!”  



Biografia com pequenas adaptações extraída das páginas 333 a 335 do livro Uma História da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte escrito por Luís da Câmara Cascudo, em 1972. 

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