POR: WASHINGTON FERREIRA FONTES
“Canguaretama é um município cheio de encantos, pois além da paisagem
belíssima ainda tem muita história. Essa mina foi uma das primeiras do
Brasil”. *Francisco Galvão.
No município de Canguaretama/RN, existe um misterioso subterrâneo, conhecido como a GRUTA DO BODE, ou os SETE BURACOS.
Saindo-se da cidade de Canguaretama na BR 101, em direção a Goianinha, atingindo-se o Rio Catu, distante cerca de quatro quilômetros daquela primeira cidade.
A GRUTA DO BODE, ou os SETE BURACOS, encontra-se à altura do km 158, distante cerca de 200 metros em relação à margem leste da rodovia, o subterrâneo fica alguns metros abaixo do cume de um monte, em sua encosta ocidental, palavras de Olavo Medeiros, 2001.
De posse destas informações, e antes de buscar na internet, algum vídeo que nos mostrasse e motivássemos a realizar uma expedição aquele município, denominado de “CANGUARETAMA”, recorro-me a Cascudo e ele nos esclarece, no seu livro “NOMES DA TERRA”:
“Município, 1858. De caá-guá-retama, no vale das matas, onde há árvores. Marcgrave, 1643, escrevia CARAGUATAAÇANGA, ramal ou florescência de caraguatás, gravatás, carauás, resistentes. Há a sugestão de CANGARETAMA, de canga, côco, núcleo seco, osso enxuto, e retama ou tetama, região, pátria, paíss, terra, dando “regiã sêca” ou “Terra de coqueiros”. CANGUARETAMA é região úmida e o coqueiro, (Coccus nucifera) foi trazido pelos portugueses. O indígena não o conhecia, e sim as palmeiras.
Significar “Pedra de Sal” é etimologicamente possível”.
Estando farto da informação esclarecedora, sobre a origem do nome, volto a navegar na internet e encontro um vídeo, datado de 12 de junho de 1990, dos espeleólogos: Perceval Carvalho e Paulo Fernandes (Duda), que exploram e fizeram de certa forma, uma boa progressão no seu interior.
Após a prática de mobilidade na Gruta, deixaram registradas para o público em geral, as seguintes especificações na internet:
1. A ENTRADA DA GRUTA DO BODE = Tem cerca de 1metro de diâmetro.
2. 1º SALÃO = Mede cerca de 1,20m de altura e tem uma extensão aproximada de 2m.
3. O CORREDOR DE ENTRADA = Tem cerca de 1m de diâmetro e 4m de extensão, ligando a entrada ao Salão.
4. 2º CORREDOR = Liga o 1º Salão ao 2º Salão e tem as mesmas dimensões do 1º Corredor.
5. 2º Salão = Mede cerca de 1,5m de altura e tem uma extensão aproximada de 3m.
6. Bifurcação = Após o 2º Salão encontra-se uma bifurcação que não foi explorada por falta de equipamentos, conforme fez constar estes corajosos profissionais que usam a técnica para desvendar o estudo de cavernas.
Dando sequência as fundamentações bibliográficas, com muita propriedade, Olavo Filho, 2001, esclarece-nos que um pouco mais abaixo, depois da entrada principal, ocorreu a tentativa frustrada de abrir um outro túnel, cuja escavação foi abandonada, talvez por algum problema técnico surgido.
O terreno onde foi escavado o subterrâneo é constituído, segundo o geólogo Júlio Nesi, “por um arenito de concreções ferruginosas a areno-argiloso, formação Barreiras”.
Quanto à denominação Sete Buracos, deve-se a mesma ao fato de no interior da terra existirem sete túneis, separados por câmaras de formato circular com teto abobadado.
O interior da construção recebe do exterior um pouco de ventilação e iluminação através de respiradouros verticais, que medem cerca de 3 metros de altura, apresentando diâmetros variáveis entre 22 e 33 cm.
Tais respiradouros devem ter sido abertos com o emprego de um trado, instrumento de forma helicoidal com que se fazem furos de sondagem nos solos.
Na época, em que lá esteve, chegou a contar a presença de 18 respiradouros no terreno, contudo, adiantou: “é possível que haja um número superior, pois a contagem é prejudicada pela existência de uma plantação de mandioca. Através dos respiradouros encontrados, pode-se calcular que os túneis e câmaras ocupam uma área de aproximadamente 25 metros de comprimento por 12 de largura”.
Cláudia Moreira da Silva, 2007, cita-nos Luís Antonio Oliveira, 2003, antropólogo que de maneira detalhada nos informa que os moradores de Vila Flor afirmam que existe um acesso a GRUTA DO BODE, partindo da Casa de Câmara e Cadeia, situada naquela cidade.
No que diz respeito aos outros túneis, ele nos diz, com o devido respaldo em relatos orais, ouvidos por pessoas na comunidade, o seguinte:
“Os sete Buracos se ramificariam ainda por seis por seis outros locais distintos. Um dos túneis sairia na Mata da Estrela, no Município vizinho de baia Formosa, pertencente à municipalidade de Canguaretama até janeiro de 1959. Nesse espaço a construção subterrâneea teria grandes dimensões, semelhantes àquelas da Gruta do Bode. O terceiro subterrâneo desembocaria na ilha do Flamengo, próximo à lagoa de Guaraíras, no Município de Arês, ou em Nízia Floresta, às margens da Lapa de Papari, por sua vez ligada às margens da Lagoa de Papari, (...). Um quarto túnel se comunicaria com o Sítio Outeiro, ainda no município de Canguaretama, pertencente às terras do antigo Cunhaú colonial(...). Uma quinta saída dos sete buracos, alcançaria o Forte dos Reis Magos, em Natal, distante mais de 80 quilômetros dali! Uma outra se estenderia até Barra de Cunhaú (...), Por último, em uma das sete saídas dos Setes Buracos se alcançaria Cunhaú, nas proximidades da capela e do antigo engenho, o que prova para os moradores da região, a vontade do holandeses de querer levar as riquezas do local”.
Olavo de Medeiros Filho, no seu livro: NOTAS PARA A HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE, editado pelo UNIPÊ em 2001, consigna que, de acordo com o engenheiro agrônomo Eduardo Henrique Gomes de Carvalho, residente em Canguaretama, na 2ª metade do século passado o português Manuel Luís Gomes adquiriu a propriedade Gruta do Bode, que foi herdada por seu filho Luís José Gomes.
A região onde se encontram os Sete buracos era revestida de mata atlântica, que se estendia até a margem direita do Rio Catu, tornando aquele subterrâneo muito bem protegido da curiosidade humana.
A proteção natural proporcionada pela luxuriante vegetação evitava a indesejável erosão das encostas e o consequente aterramento das escavações.
À época em que Luís Gomes era proprietário da Gruta do Bode, pessoas residentes em Goianinha passaram a retirar clandestinamente terra do interior da gruta, a fim de realizarem exames, na ilusão de encontrarem algum mineral de valor... Impossibilitado de obstar a constante invasão de sua propriedade, Luís José Gomes resolveu então vendê-la à Prefeitura Municipal de Canguaretama, que pretendia ali instalar uma escola agrícola.
Foi exatamente o que li, ouvi e registramos.
WASHINGTON FERREIRA FONTES
No município de Canguaretama/RN, existe um misterioso subterrâneo, conhecido como a GRUTA DO BODE, ou os SETE BURACOS.
Saindo-se da cidade de Canguaretama na BR 101, em direção a Goianinha, atingindo-se o Rio Catu, distante cerca de quatro quilômetros daquela primeira cidade.
A GRUTA DO BODE, ou os SETE BURACOS, encontra-se à altura do km 158, distante cerca de 200 metros em relação à margem leste da rodovia, o subterrâneo fica alguns metros abaixo do cume de um monte, em sua encosta ocidental, palavras de Olavo Medeiros, 2001.
De posse destas informações, e antes de buscar na internet, algum vídeo que nos mostrasse e motivássemos a realizar uma expedição aquele município, denominado de “CANGUARETAMA”, recorro-me a Cascudo e ele nos esclarece, no seu livro “NOMES DA TERRA”:
“Município, 1858. De caá-guá-retama, no vale das matas, onde há árvores. Marcgrave, 1643, escrevia CARAGUATAAÇANGA, ramal ou florescência de caraguatás, gravatás, carauás, resistentes. Há a sugestão de CANGARETAMA, de canga, côco, núcleo seco, osso enxuto, e retama ou tetama, região, pátria, paíss, terra, dando “regiã sêca” ou “Terra de coqueiros”. CANGUARETAMA é região úmida e o coqueiro, (Coccus nucifera) foi trazido pelos portugueses. O indígena não o conhecia, e sim as palmeiras.
Significar “Pedra de Sal” é etimologicamente possível”.
Estando farto da informação esclarecedora, sobre a origem do nome, volto a navegar na internet e encontro um vídeo, datado de 12 de junho de 1990, dos espeleólogos: Perceval Carvalho e Paulo Fernandes (Duda), que exploram e fizeram de certa forma, uma boa progressão no seu interior.
Após a prática de mobilidade na Gruta, deixaram registradas para o público em geral, as seguintes especificações na internet:
1. A ENTRADA DA GRUTA DO BODE = Tem cerca de 1metro de diâmetro.
2. 1º SALÃO = Mede cerca de 1,20m de altura e tem uma extensão aproximada de 2m.
3. O CORREDOR DE ENTRADA = Tem cerca de 1m de diâmetro e 4m de extensão, ligando a entrada ao Salão.
4. 2º CORREDOR = Liga o 1º Salão ao 2º Salão e tem as mesmas dimensões do 1º Corredor.
5. 2º Salão = Mede cerca de 1,5m de altura e tem uma extensão aproximada de 3m.
6. Bifurcação = Após o 2º Salão encontra-se uma bifurcação que não foi explorada por falta de equipamentos, conforme fez constar estes corajosos profissionais que usam a técnica para desvendar o estudo de cavernas.
Dando sequência as fundamentações bibliográficas, com muita propriedade, Olavo Filho, 2001, esclarece-nos que um pouco mais abaixo, depois da entrada principal, ocorreu a tentativa frustrada de abrir um outro túnel, cuja escavação foi abandonada, talvez por algum problema técnico surgido.
O terreno onde foi escavado o subterrâneo é constituído, segundo o geólogo Júlio Nesi, “por um arenito de concreções ferruginosas a areno-argiloso, formação Barreiras”.
Quanto à denominação Sete Buracos, deve-se a mesma ao fato de no interior da terra existirem sete túneis, separados por câmaras de formato circular com teto abobadado.
O interior da construção recebe do exterior um pouco de ventilação e iluminação através de respiradouros verticais, que medem cerca de 3 metros de altura, apresentando diâmetros variáveis entre 22 e 33 cm.
Tais respiradouros devem ter sido abertos com o emprego de um trado, instrumento de forma helicoidal com que se fazem furos de sondagem nos solos.
Na época, em que lá esteve, chegou a contar a presença de 18 respiradouros no terreno, contudo, adiantou: “é possível que haja um número superior, pois a contagem é prejudicada pela existência de uma plantação de mandioca. Através dos respiradouros encontrados, pode-se calcular que os túneis e câmaras ocupam uma área de aproximadamente 25 metros de comprimento por 12 de largura”.
Cláudia Moreira da Silva, 2007, cita-nos Luís Antonio Oliveira, 2003, antropólogo que de maneira detalhada nos informa que os moradores de Vila Flor afirmam que existe um acesso a GRUTA DO BODE, partindo da Casa de Câmara e Cadeia, situada naquela cidade.
No que diz respeito aos outros túneis, ele nos diz, com o devido respaldo em relatos orais, ouvidos por pessoas na comunidade, o seguinte:
“Os sete Buracos se ramificariam ainda por seis por seis outros locais distintos. Um dos túneis sairia na Mata da Estrela, no Município vizinho de baia Formosa, pertencente à municipalidade de Canguaretama até janeiro de 1959. Nesse espaço a construção subterrâneea teria grandes dimensões, semelhantes àquelas da Gruta do Bode. O terceiro subterrâneo desembocaria na ilha do Flamengo, próximo à lagoa de Guaraíras, no Município de Arês, ou em Nízia Floresta, às margens da Lapa de Papari, por sua vez ligada às margens da Lagoa de Papari, (...). Um quarto túnel se comunicaria com o Sítio Outeiro, ainda no município de Canguaretama, pertencente às terras do antigo Cunhaú colonial(...). Uma quinta saída dos sete buracos, alcançaria o Forte dos Reis Magos, em Natal, distante mais de 80 quilômetros dali! Uma outra se estenderia até Barra de Cunhaú (...), Por último, em uma das sete saídas dos Setes Buracos se alcançaria Cunhaú, nas proximidades da capela e do antigo engenho, o que prova para os moradores da região, a vontade do holandeses de querer levar as riquezas do local”.
Olavo de Medeiros Filho, no seu livro: NOTAS PARA A HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE, editado pelo UNIPÊ em 2001, consigna que, de acordo com o engenheiro agrônomo Eduardo Henrique Gomes de Carvalho, residente em Canguaretama, na 2ª metade do século passado o português Manuel Luís Gomes adquiriu a propriedade Gruta do Bode, que foi herdada por seu filho Luís José Gomes.
A região onde se encontram os Sete buracos era revestida de mata atlântica, que se estendia até a margem direita do Rio Catu, tornando aquele subterrâneo muito bem protegido da curiosidade humana.
A proteção natural proporcionada pela luxuriante vegetação evitava a indesejável erosão das encostas e o consequente aterramento das escavações.
À época em que Luís Gomes era proprietário da Gruta do Bode, pessoas residentes em Goianinha passaram a retirar clandestinamente terra do interior da gruta, a fim de realizarem exames, na ilusão de encontrarem algum mineral de valor... Impossibilitado de obstar a constante invasão de sua propriedade, Luís José Gomes resolveu então vendê-la à Prefeitura Municipal de Canguaretama, que pretendia ali instalar uma escola agrícola.
Foi exatamente o que li, ouvi e registramos.
WASHINGTON FERREIRA FONTES
PS: Foi uma caminhada de duas horas, devidamente acompanhado do Sr. Francisco Galvão, sociólogo e membro da Academia de Letras de Canguaretama; do meu filho primogênito: Washington ferreira Fontes Jr; do amigo, Aureliano Filho, maqueiro do Hospital Giselda Trigueiro e fotógrafo nas horas vagas e do eclético Jabes Soares, colega e amante da nossa História.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CASCUDO, Luís da Câmara. NOMES DA TERRA. Primeira edição: 1968 pela fundação José Augusto, RN. Reeditado: Sebo Vermelho, Natal, 2002.
FILHO, Olavo de Medeiros, Os Holandeses na Capitania do Rio Grande,Instituto Histórico e Geográfico do RN, 1998, p. 133: Il. – (Coleção Cultura, nº. 06). Natal/RN, 1998.
DA SILVA, Cláudia Maria, “Em busca da realidade”: A experiência da etnicidade dos Eleotérios (Catu/RN). Dissertação apresentada ao programa de pós graduação em antropologia social da UFRN. 2007
CONSULTA NA INTERNET
http://youtube.com/?watch? V= lVWx2ELPMDo
http://youtu.be/OqL_Di_GUjk Equipe de Augusto Maranhão. em Canguaretama - RN
ResponderExcluirquem controlava todas essas terras em volta da localidade "sete buracos,desde os anos 1920 aproximadamente, " era o Senhor Manoel Valério dos Santos ,proprietário da fazenda gruta do bode,um pouco mais ao norte desse ponto,as terras em volta do buraco pertencia ao governo do estado,onde ocorreu uma invasão dessas terras,e em seguida seu desmatamento.O senhor Manoel Valério foi morador em uma casa em frente a estação do trem, que deu nome ao bairro estação, até seu falecimento. hoje em dia seu filho mais velho,Jose Valério Neto administra essa fazenda,e é conhecedor da verdadeira historia desse sitio arqueológico .
ResponderExcluirRoberto Valério - Oficial da Marinha Mercante - rovasa@ig.com.br