Domingo, 12/02/2012 às 15h00
Por ano, o Estado consome, em média, 600 milhões de sacolas plásticas. Além disso, cada uma custa, em média, R$ 0,02.
FONTE: www.nominuto.com
As sacolas plásticas ou também chamadas descartáveis foram introduzidas para sociedade a partir da década de 70 e muitos não vivem mais sem o seu uso, visto que ela pode ser usada para carregar objetos, tais como lixo, comida, roupa e entre outros. Além disso, o objeto é uma forma barata de se fazer publicidade em certas empresas. Hoje, questiona-se o uso das sacolas e os prejuízos que essas causam ao meio ambiente.
Alguns querem que os supermercados deixem de fornecer as sacolas de plástico e que distribuem as retornáveis, conhecidas como Eco Bag, que podem ser feitas de algodão ou lona, além de não causar danos à natureza.
Em São Paulo, no final de janeiro, os maiores supermercados da cidade deixaram de fornecer as sacolas plásticas, depois de um acordo entre a Associação dos Supermercados da cidade com o governo do estado.
Agora, quem quiser a sacolinha pagará cerca de R$ 0,19 pelas biodegradáveis, aquelas feitas com plástico que não causa dano algum, pois decompõe mais rápido, ou terá que usar caixas de papelão, de plástico, ou sacolas reutilizáveis, que também paga um determinado valor por ela.
Atualmente, a única cidade brasileira que proíbe o uso dos sacos plásticos é Belo Horizonte. Em 2011, foi promulgada uma lei na capital paulista que proibia a distribuição das sacolas descartáveis em supermercados ou estabelecimentos comerciais. Mas, o Tribunal de Justiça revogou a lei, em defesa ao Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo.
Apesar disso, várias cidades do Brasil, como Rio de Janeiro e Recife, estão querendo criar medidas para a redução do uso excessivo do plástico e assim, evitando a poluição. No Rio Grande do Norte, há um projeto de lei elaborado pelo deputado Fábio Dantas que está suspensa.
De acordo com deputado, ele vai pedir uma audiência pública com donos de supermercado, ambientalistas e fabricantes dos produtos plásticos para que estes cheguem a um consenso e estabeleçam medidas que agradam não só a eles, mas também ao consumidor.
“Nós [da Assembleia Legislativa] queremos criar uma lei que seja melhor que a elaborada no estado de São Paulo para poder evitar certas confusões”, disse.
Também existe um projeto de lei na Câmara Municipal de Natal de autoria do vereador Assis Oliveira que também se encontra parada. Desde maio de 2011, a Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn) quer o fim das sacolas descartáveis.
Diminuição da degradação ambiental nos custos dos supermercados e a redução dos preços das mercadorias é uma das justificativas da Assurn. Na época, a associação disse que iria procurar o governo estadual e a Prefeitura do Natal para a criação de uma campanha de conscientização.
Por ano, o estado consome, em média, 600 milhões de sacolas plásticas. Além disso, cada uma custa, em média, R$ 0,02. O valor delas é repassado para o consumidor final, embutido nas mercadorias.
Antes de alguma lei seja promulgada em Natal ou no RN, o proprietário de um supermercado da cidade, Eugênio Medeiros, já fornece aos seus clientes a opção de utilizar as sacolas retornáveis e caixas de papelão.
Ele disse que ainda é grande a insistência dos consumidores em utilizar os plásticos, por causa da sua praticidade. “O supermercado não consegue sozinho, tem que haver a presença de todos para essa mudança. Infelizmente, a eliminação das sacolas plásticas ainda está longe de terminar”, afirmou Medeiros.
São poucos supermercados que oferecem opções de graça para a utilização alternativa de carregamentos de compras. As Eco Bags podem custar de R$ 2,00 até R$ 50,00 nos estabelecimentos de Natal e em outras cidades do Brasil.
Por causa disso, alguns aderem ao uso das caixas de papelão, vindas das fábricas, para colocar as suas compras. Segundo Eugênio Medeiros, a quantidade de caixas oferecidas pelas fábricas não são o suficiente para atender os clientes e, além disso, não são todas as caixas que podem ser utilizadas para guardar as compras.
Por exemplo, uma caixa que armazena produtos de limpeza não pode ser usada para armazenar as compras, já que elas podem conter substâncias tóxicas vindas desses tipos de produtos e assim, causando a contaminação.
De acordo com o presidente da Indústria Nacional do Plástico (INP), Paulo Dacolina, em algumas caixas de papelão pode ser encontrado vetores de doença, como a bactéria Escherichia coli, cuja a contaminação pode levar a morte.
O presidente da Associação Potiguar Amigos da Natureza, Francisco Eglesias, apoia a redução das sacolas plásticas. Entretanto, ele acha que os estabelecimentos devem dar a opção aos consumidores e que discorda da cobrança na utilização das sacolas retornáveis e acha fraca a qualidade das oferecidas pelos supermercados.
O prejuízo do fim das sacolas descartáveis
Para Paulo Dacolina, presidente do INP, a redução das sacolas plásticas é uma estratégia dos supermercados para não gastar mais com elas e que, talvez, não há interesse sustentável em torno disso.
Entretanto, a Assurn contou que o valor embutido nas mercadorias representa menos de 1% do faturamento dos supermercados, o que tornaria esse argumento de interesse econômico inválido.
A Assurn também falou que os supermercados poderiam economizar R$ 500 milhões se parasse de oferecer a sacolinha gratuitamente. A associação disse que cobram as alternativas restantes ‘por fora’, porque a sacola biodegradável custa entre R$ 0,20 e R$ 0,25 e teria um aumento de 7% ou 8% caso fosse embutida nas mercadorias. Já a retornável valeria R$ 2 pela unidade.
O presidente da Indústria Nacional do Plástico afirmou que não há comprovação cientifica sobre os prejuízos da sacolinha e que isso é dado da Agência Inglesa de Meio Ambiente. Outro motivo é que 90 % das pessoas as utilizam como armazenamento de lixo e, assim, impedindo a proliferação de vetores que causam doenças.
Dacolina ainda disse que se for aprovada uma lei que inibe o uso desses tipos de sacola, muitas famílias de baixa renda terão dificuldades de comprar, durante todo o mês, pacotes de sacos de lixo, que apesar de ser feito do mesmo material, estas podem custar até R$ 30,00. Em São Paulo, a venda desses aumentou em 46 %.
Também tem a opção do uso das sacolas biodegradáveis que decompõe um pouco mais rápido que as sacolas comuns. Contudo, o Brasil não possui fábricas de compostagem que dificulta a elaboração desses tipos de sacolas plásticas e por isso, elas podem emitir o gás metano, um dos gases estufas.
Conceição Tavares, presidente do Sindicato da Indústria de Plástico do Rio Grande do Norte, falou que os estados brasileiros deveriam fazer uma campanha para que as fábricas de plástico comprem as sacolas de plástico para essas fazerem atividades de reciclagem.
“Essa atitude já é feita em diversos países, porque fazendo essa atividade geraria mais emprego e até mesmo menos poluição”, disse a presidente.
Já Francisco Eglesias propõe também, como uma forma de reduzir o uso do plástico, a utilização de sacos de papéis, parecidos com os que são vistos em filmes norte-americanos.
Educação Ambiental
Apesar das opiniões serem divergentes sobre o uso, eles acreditam que se precisa, antes de tudo, fazer campanhas de educação ambiental com os cidadãos. De acordo com Eugênio Medeiros, 60 % das pessoas usam as sacolas descartáveis de forma indevida.
Francisco Eglesias disse que a falta de coleta seletiva também ajuda na dificuldade da escolha de acabar com o uso dos sacos plásticos, além da falta de fiscalização dos órgãos públicos para saber quem está jogando lixo nas ruas.
Paulo Dacolina falou que o uso errado dos sacos podem até prejudicar na decomposição do lixo dos aterros sanitários e prejudicando, assim, o seu solo. Ele disse que o INP junto com o Sindicato das Indústrias do Plástico do Rio Grande do Norte fará uma campanha de conscientização para acabar com o uso indevido dos sacos plásticos.
Segundo ele, as sacolinhas correspondem a apenas 0,2% do que é jogado nos aterros. “O problema não é a proibição e sim a falta de alternativas”, disse.
Como é feito o plástico
O plástico surge através de uma reação química chamada de polimerização em que as moléculas menores se juntam quimicamente para formar grandes moléculas. Então, surge-se o polímero em que um de seus tipos, o polietileno, é feito a partir de combustíveis fosseis e é o causador do material.
Porém, o plástico pode ser bastante prejudicial ao meio ambiente, pois demora centenas de anos para poder se decompor e também as substâncias tóxicas existentes no saco plástico podem causar danos a diversos seres vivos.
Danos ao Meio Ambiente
Por ano, são produzidos em todo o mundo pelo menos 500 bilhões de unidades de saco plástico, o que equivale a 1,4 bilhão a cada dia ou 1 milhão por minuto. Quando descartados de forma inadequada, os sacos descartáveis comprometem a capacidade do aterro sanitário, reduzindo sua vida útil e deixando o terreno impermeável e instável para o processo de biodegradação de materiais orgânicos.
Elas podem chegar até 500 anos para poder se decompor totalmente. Além disso, as sacolas podem entupir os esgotos, casos elas sejam jogadas lá e fazendo com que se torne uma das causadoras enchentes no período chuvoso.
Os resíduos plásticos dos aterros urbanos são carregados por enxurradas para o mar ou despejados diretamente nos rios pela população. Causando, assim, a “plastificação do oceano” e fazendo com que muitos animais pensam que é comida e morrem por asfixia e indigestão.
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