sexta-feira, 5 de abril de 2013

Descendentes dos índios Potiguaras podem perder terras no litoral do RN


http://anarcopunk.org/mundoimundo/wp-content/uploads/2013/03/Potiguaras1.jpgTribo diz que vive nas terras há mais de 100 anos; área foi comprada. Justiça deu ganho de causa ao comprador, já que Funai não se manifestou.

Do G1 RN
Na Praia de Sagi em Baía Formosa, a 101 quilômetros de Natal, está localizada a Fazenda Pituba, lar dos descendentes dos Índios Potiguaras que batizaram o local de aldeia Sagi-Trabanda. São 75 hectares de paisagem natural, onde atualmente vivem 43 famílias. Mas a tribo corre o risco de ser retirada do local, já que um empresário moveu uma ação de reintegração de posse, afirmando ter comprado da área. A Justiça deu ganho de causa ao empresário, uma vez que a Fundação Nacional do Indio (Funai) não confirmou a presença de índios nas terras em questão.
Conheça os descedentes dos índios potiguaras no vídeo acima, exibido nesta sexta-feira (5) no RN TV 1ª Edição
Segundo o cacique Manoel Leôncio, a sobrevivência da tribo vem da agricultura e da pesca há mais de 100 anos. Mesmo com traços diferente de outros povos indígenas, eles se esforçam para manter as tradições, repassando as danças e os cantos de geração para geração. 
Em 13 de março, a juíza Daniela do Nascimento Cosmo, da comarca de Canguaretama, determinou a reintegração de posse ao empresário e presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis, Waldemir Bezerra.
Segundo a Justiça, o empresário moveu a ação de reintegração de posse por ter firmado um contrato de compra e venda das terras. A negociação foi feita com uma pessoa que tinha a procuração do antigo proprietário, Tomaz Soares de Melo, o qual morreu em 2011.
Na decisão, a juíza justificou o ganho de causa ao empresário, porque não recebeu da Funai a confirmação da existência de população indígena no local. E por isso, os índios não receberam a posse das terras.
“Eles disseram que compraram a terra há sete anos. Como pode, se eu moro aqui há 28 anos. Quem é o verdadeiro dono da terra, que comprou a terra há sete anos ou quem vive aqui há 28 anos", questionou Osmar Jerônimo, descendente de índio.
No cemitério da aldeia, seu José Amaro mostrou onde estão enterrados os irmãos. Um deles nascido em 1911 na aldeia Trabanda. Para o descendente, é a prova  de que habitam a região há cerca de um século. “Agora eles querem tirar a gente do nosso lugar", lamentou Amaro da Silva, descendente de índio.
Segundo o empresário Waldemir Bezerra, as terras são de propriedade legal de Tomaz Soares de Melo. Para provar, mostrou a certidão do cartório que foi emitida durante o processo de compra dos hectares em questão. Bezerra disse que manteve negociações com o antigo proprietário desde 1995. Para ele, as terras foram invadidas a poucos anos.
“Adquirimos a terra e tomamos a posse da terra. Ela já estava delimitada e cercada. Tudo foi feito legalmente", indicou Waldemir Bezerra.
Para o empresário, a decisão judicial é a prova da legalidade da posse das terras, e da falta de provas de que os moradores da região são descendentes indígenas. Mesmo com a decisão desfavorável, os índios garantem que irão continuar lurando lutar pelo direito de permanecer nas terras onde nasceram.
"Estamos esperando um documento chegar de Brasília pra gente poder entrar em ação. Enquanto não chegar estamos esperando ajuda. Daqui a gente não vai arredar o pé de jeito nenhum", finalizou Manoel Leôncio, o cacique da tribo.

Texto de g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/04/descendentes-dos-indios-potiguaras-podem-perder-terras-no-litoral-do-rn.html
Imagem de  http://anarcopunk.org/mundoimundo/wp-content/uploads/2013/03/Potiguaras1.jpg

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