E aquele que sustém o mundo com uma palavra decidiu depender
de uma jovenzinha para sua nutrição. Deus veio como um feto. O Criador
da vida, sendo criado. Deus ganhou sobrancelhas, cotovelos, dois rins e
um fígado. Ele se esticou contra as paredes, e flutuou no líquido
amniótico da mãe.
Deus se aproximou. Não fomos nós quem nos aproximamos dele.
Ele se aproximou de cada um de nós. Ele se fez um de nós. As mãos que
o sustentaram pela primeira vez eram calosas e sujas, mal cuidadas.
Nenhuma seda ou marfim. Nenhuma festa ou pompa, apenas uma estrebaria.
Se não fosse pelos pastores, não teria havido recepção. Os anjos olhavam
Maria trocando as fraldas do Deus bebê. O universo observava
maravilhado enquanto o Todo-Poderoso aprendia a andar. Crianças
brincavam com ele na rua. Jesus talvez tinha espinhas, ou uma bela voz,
ou quem sabe uma garota da rua se interessou por ele. É possível que
seus joelhos fossem ossudos. Mas uma coisa é certa: embora completamente
divino, Ele era completamente humano.
Pensar em Jesus desse jeito parece até algo irreverente, não é? Não é
algo que gostamos de fazer ou imaginar, sentimo-nos pouco confortáveis.
É muito mais fácil manter a humanidade fora da encarnação. Limpar a
sujeira em volta do estábulo. Limpar o suor dos seus olhos. Pretender
que ele nunca roncou, limpou o nariz ou bateu com o martelo no dedo. É
mais fácil aceitá-lo deste modo.
Há alguma coisa sobre mantê-lo divino que o conserva distante,
acondicionado, previsível. Mas não faça isso. Permita que ele seja
humano como pretendeu ser. Deixe que ele entre na sujeira deste mundo e o
transforme. Pois só se o deixarmos entrar é que ele nos tirará dele.
O estábulo cheira como todos os outros. O mau cheiro provocado pela
urina e excremento das ovelhas paira forte no ar. O chão é duro, o feno
escasso. Teias de aranha pendem do teto e um ratinho atravessa correndo o
chão sujo. Não podia haver um lugar menos adequado para um nascimento.
De um lado se encontra um grupo de pastores. Eles estão sentados
silenciosamente no solo, talvez perplexos, talvez reverentes. Junto à
mãe se assenta o pai cansado. Maria está bem desperta. Ela não pode
tirar os olhos dele. Maria sabe que está carregando Deus-Filho nos
braços. Ela relembra as palavras do anjo que disse: “E o seu nome será
Jesus. O seu reinado não terá fim.”
A majestade nasce em meio ao mundanismo. Santidade misturada a
imundície do excremento das ovelhas. A divindade entrando no mundo no
chão de um estábulo, através do útero de uma adolescente e na presença
de um carpinteiro.
Ela toca a face do Deus-menino.
Maria, tu sabias que o bebê que carregas nos braços
seria o Salvador do mundo, sabias que as mãos que acaricia e beija,
tocaria nos leprosos e os curaria, que as mãos que seguras visão daria
ao cego? Sabias que o ser que deste à luz, seria a tua luz?
Interessante. Num momento Deus se fez homem. Num instante… um momento eterno.
“O Verbo se fez carne e habitou entre nós.” Veja bem, ao
tornar-se homem, Deus possibilitou ao homem ver a Deus. Quando Jesus foi
para seu lar, ele nos deixou a porta aberta atrás. Como resultado “transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos”.
Deus não precisa de muito tempo para mudar uma história, apenas de um
momento. Da próxima vez que alguém disser “um momento”, lembre-se que é
todo este tempo que vai ser necessário para mudar o mundo.
Jesus quer nascer na história de sua vida, e num momento transformar você em um novo ser.
Feliz Natal!
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